A Displasia Coxofemoral (DCF) é uma doença poligênica (vários genes relacionados a formação de estruturas) de natureza multifatorial e extremamente complexa, que comumente resulta em alterações degenerativas irreversíveis devido a incongruência articular que leva à osteoartrose.
Decorre de uma má formação da articulação coxofemoral, acompanhada de flacidez (lassidão) da cápsula articular que se desenvolve durante o crescimento, caracterizada, radiograficamente, pelo arrasamento do acetábulo, achatamento da cabeça do fêmur, subluxação ou luxação coxofemoral e alterações secundárias da articulação.
Sua transmissão é hereditária porém fatores nutricionais, biomecânicos e de meio ambiente, podem piorar os sinais clínicos e o desenvolvimento das alterações degenerativas secundárias.
As articulações coxofemorais de cães que eventualmente desenvolvem displasia são estrutural e funcionalmente normais ao nascimento.
O diagnóstico clínico da alteração inicial é realizado somente aos 6-9 meses de idade, embora cerca de 80% dos cães displásicos só mostrem evidências radiológicas aos 12 meses e alguns somente aos 24 meses. Entretanto, para a determinação do grau de displasia coxofemoral é preconizado que o cão tenha pelo menos 24 meses de idade quando for submetido ao exame radiográfico. Deste modo é recomendado que cães acasalem somente após o exame oficial.
Em uma pesquisa (brasileira) realizada com cães da raça Border Collie, 52 animais (dos quais 12 tinham sintomas) foram submetidos ao exame radiográfico. Destes, 76% apresentavam algum grau de displasia (mesmo sem sintomas), demonstrando o risco de adquirir um filhote ou acasalar um cão desta raça sem o controle radiográfico.
Visto que animais que possuem o problema podem ter os sinais clínicos acentuados por fatores ambientais (aumento de peso, piso escorregadio, traumas diários, treinamento – agility/ pastoreio/ corrida, alimentação, tamanho, etc), deve-se ter muito cuidado com o manejo de cães jovens.
A classificação das alterações radiológicas dos diferentes graus de DCF utilizada no Brasil é:
Grau A – Articulações coxofemorais normais
Grau B – Articulações coxofemorais próximas da normalidade
Grau C – Displasia coxofemoral leve
Grau D – Displasia coxofemoral moderada
Grau E – Displasia coxofemoral grave
Em outro estudo prospectivo de 20 anos, observaram que houve aumento significativo no percentual de cães com articulações coxofemorais excelentes e que o número de cães com DCF diminuiu neste período. Os autores atribuíram os bons resultados ao esforço dos proprietários e criadores em selecionar, adequadamente, seus cães para cruzamento e também à exigência dos clubes de criadores que obrigam os associados a radiografarem seus animais
CUIDADOS
Ao adquirir um filhote EXIJA o controle radiográfico (graduado) dos pais e verifique a idade em que ele foi realizado.
Ao acasalar seu cão realize o exame (tanto dele quanto do parceiro).
Não ter sintomas não significa que o cão não tenha a doença!
Cuidados básicos com seu filhote: Evite sobrepeso, quedas constantes em piso liso, treinamento sem acompanhamento de profissionais e garanta uma boa qualidade de alimentação.
Revisão feita por Marcela Françoso (Med. Veterinária) com auxílio do Prof. Dr. Robson Giglio (Universidade da Flórida).
Fontes:
BETTINI , C. M.; ASSIS, M. M. Q.; MONTEIRO, E. R.; GRACIANO, T. S. Incidence of hip dysplasia in the Border. Collie. Arq. Ciênc. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 10, n. 1, p. 21-25, 2007
R.C.S. Tôrres, P.M. Ferreira, D.C. Silva. Frequency and asymmetry of hip dysplasia in German Shepherd dog.
ROCHA, Fábio Perón Coelho da SILVA, Danilo da BENEDETTE, Marcelo Francischinelli SANTOS, Denise Almeida Nogueira
dos COSTA, Eduardo Augusto de Alessandro. DISPLASIA COXOFEMORAL EM CÃES .
Comparison of the symptomatology of coxofemoral dysplasia between obese and non-obese dogs. Braz. J. ofDevelop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46840-46850,jul. 2020.
Tahiana D'Egmont
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